TRAVESSURAS
DA
BIZINHA.
Nídia Vargas Potsch
Bizinha Joaquina era uma velhinha bem pequenininha, magrelinha,
muito bonita e serena. Faceira que nem ela só, vivia perfumada,
cheirosa a jasmim. Não possuía instrução regular, somente o
primário. Naquele tempo mulheres não estudavam e a mâe dela , minha
tetra, insistiu e acabou que ela fez o primário incompleto. Mas era
esperta, muito viva e inteligente. Imagene que ao lhe
perguntarem sobre alguém ou algum casal recém-casado de nossa
família, ela me saía com essa: “ Vivem tão bem como qualquer um de
nós”! Explicação para a frase de sempre: se eu disser que estão mal,
vão querer saber o porquê. Se eu disser que estão bem, vão falar de
qualquer maneira, então, não digo nada... rs... Grande lição de
Vida!
Numa tarde de verão de muito calor, voltávamos para casa de uma
festinha junina do colégio. Mano Carlos ganhou uma caixinha de
estalinhos, mas, o mano Paulo, mais velho e sabido, comprou no
ambulante da esquina algumas pequenas “cabeças de negro” para soltar
com os amigos, disse ele. Paulinho resolveu escondê-las na estante
de livros do escritório de papai. Com o tempo, esqueceu da
traquinagem e das bombas.
Vó biza Joaquina, muito cuidadosa e zelosa, verificando o pó dos
livros, achou as bombinhas e ficou intrigada com aquele artefato
estranho para ela. Curiosa, encafifada com o fato, guardou uma delas
no bolso do seu avental. Altas horas da noite, trancou-se no
banheiro da empregada do apartamento com a bomba e uma caixa de
fósforos. Só aconteceu ! BUM !!! BUM !!!
Foi um estrondo tamanho que acordou o prédio inteiro... rs... Todos
em alvoroço olhavam curiosos pelas áreas de serviço para saber de
onde tinha vindo o barulho que para muitos parecia tiro. Qual
criança maluquinha teria soltado uma bomba dentro de casa as 2:30h
da madrugada? Papai e mamãe correndo em roupas de dormir e nós
também, apreensivos, fomos todos em direção à cozinha de onde vinha
um horrendo cheiro de pólvora queimada e de onde o barulho tinha
partido...
E, vó Biza, bem quietinha, na dela, mais branca do que uma folha de
papel, saia do banheiro sorrateiramente, nos fitando a todos com
olhar “sapeca”de quem tinha feito uma grande travessura... Mas
continuou impertigada e soberana, como sempre! Antes de se trancar
no quarto para dormir, nos deu um alegre sorriso... Tá tudo bem,
tava só experimentando!
A minha mão
ficou um pouco chamuscadinha, mas não faz mal... rs. Queria
saber como era essa geringonça... rs.
Tivemos que aquietar os visinhos e
explicar o ocorrido.
QUE SUSTO LEVAMOS!
@Mensageir@.
Rio, 25/10/2001
COM CARINHO, Nídia.