![]() HORA DE HISTÓRIAS!
CONTOS DA MINHA VIDA EM FAMÍLIA
UMA
VISITA SOBRENATURAL...
Nídia Vargas
Potsch
Numa das visitas do senhor Tibúrcio ao vovô,
além de filar o almoço gostoso de vovó, ele ficou contando "causos" e mais
causos... Por fim, o último deles, foi a história do diabo que
aparecia e desaparecia quando um amigo comum o
chamava.
Vocês lembram que eu disse que ele falava com os dentes quase que
rangendo? Com os dentes cerrados? ( experimente trincar os dentes e fale
uma frase sem abri-los. Em vez de S use o "X" como a Xuxa faz...) A frase
que deixou as crianças impressionadas e a que encerrava a história era a
seguinte: " XATANÁS TAÍ "....
Ora, amigas (os ), que prato cheio para cinco crianças pequenas
imitarem.... Durante o resto do dia foi a brincadeira preferida delas:
xatanás taí! Lancharam, tomaram banho, jantaram e a brincadeira continuou
até dormirem... Tudo que faziam era terminado com a tal
frase...
Passou o dia
seguinte e não se esqueceram... Para meninos da roça era uma novidade e
tanto ficar "imitando" um tio mais velho...Vovó mandou que parassem
com aquilo, mas eles, teimosos, imitavam baixinho quando ela não estava
presente: Não se invoca o Diabo, dizia... Cruz credo !!! E fazia o sinal
da cruz todas as vezes que chamava a atenção das crianças... Dizia
também que daria uma surra em cada um deles se continuassem ... E naquele
tempo, colocava-se vinagre e sal nas pancadas... Ai, que dó! Os meninos
continuaram a brincadeira por uns três dias
seguidos.
Na terceira noite, foram dormir um pouco mais tarde, por volta das nove
horas, porque houve " roda de música" como chamavam na fazenda e meus
bisavós estavam muito ocupados em receber bem seus hóspedes... ( cantoria,
hospedagem, bebidas, comidas etc ...)
Todos dormindo enfim, silêncio sepulcral, onde só se ouviam as rãs e
os grilos. Era uma noite com céu estrelado porém sem lua. Meia-noite,
ouviu-se um estrondo ensurdecedor na sala principal da fazenda...Vovô
agarrou sua garrucha e outras armas que possuía e correu para lá com vovó,
crianças, hóspedes e empregados ao seu encalço ... Qual não foi a
surpresa ao chegarem a sala de jantar? A porta principal da
fazenda estava derrubada no chão... Os seus ferrolhos todos
amassados e arrancados do lugar como se "algo" ou "alguém" tivesse dado
uma tremenda pancada nela... Além do mais, um cheiro insuportável de
queimado se espalhava pelo ar...
Como, se perguntavam? Como pode? Vovô seguido pelos homens deram uma
volta ao redor da casa, foram aos jardins, ao pomar, e inspecionaram tudo
que foi possível ... nada foi encontrado que justificasse o que
aconteceu... Como explicar tal fato? A não ser ... O sobrenatural adentrou
a casa para uma "visitinha" de alerta... Um aviso do além... Não se deve
brincar com assuntos dessa natureza!
OBS: As crianças aprenderam deste modo a respeitar tudo aquilo que é
desconhecido. E foi o que aprendemos depois através dos ensinamentos da
vovó Albertina que participou das brincadeiras, vivenciou e presenciou o
fato verídico que aconteceu na fazenda de Minas onde
morava.
@Mensageir@
Rio,
09/12/2001
![]() ![]() Arte: Rosimary S.
Santos |